segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

INSIGHT

Deito-me em minha cama e encaro a parede. Forço-me a não pensar no FUTURO e sim, no presente momento. Afinal, o que estou fazendo deitada em minha cama, enquanto todos de minha família me chamam na sala...Mas, é mais forte do que eu, e, simplesmente, não consigo me mover.
Acredito que eu preciso mudar, que preciso me afastar daquilo que me mantêm segura e, viver uma aventura, fazer algo que nunca me dei a possibilidade nem de pensar...ME LIBERTAR!!! SAIR, sem despedidas, sem planos, sem pensamentos fervorosos sobre o que PODE acontecer... Só me levantar, colocar os pés no chão e me libertar desse mundo fantasioso que existe em minha cabeça...
Começo a me mexer, mas logo, algo me puxa de volta pra cama, para aquela posição fetal, para encarar aquela deformação, que em cada momento de minha vida vira um personagem diferente, em minha parede...
NÃO!!! - Meus pensamentos lutam com a força que meu corpo faz para me manter inerte...E, em segundos fixo meus pés no chão, forçosamente sem deixar espaço para o pensamento de voltar a posição original...E, assim, saio do mundo da fantasia, meio inebriada pela REALIDADE.
Não sei direito o que estou fazendo, mas continuo me deslocando, seguindo o fluxo humano, sem questionar...E então, sem saber como vim chegar aqui estou numa praia, uma que nunca vi antes...
Devagar, em frequência constante, escuto ondas batendo nas pedras da encosta. Pés afundam na areia. Para qualquer lugar que olhe, o horizonte é tudo que vejo. Meus ouvidos se aguçam para escutar qualquer som que não seja o mar, o vento, minha respiração e batimentos cardíacos, sem os encontrar. Estou sozinha em um lugar desconhecido, perdida.
Tento reavivar em minha mente como cheguei aqui: estava deitada em minha cama, lutei para sair, finquei o pés no chão e BRANCO...Não consigo lembrar...Espero ouvi um grito gutural que chega a vibrar todo o corpo e seu entorno saindo de minha boca, mas nada acontece...Não estou em pânico. Não aqui.
Essa paisagem é maravilhosa e representa, de certa forma, essa liberdade que tanto quis, portanto, me deixo levar mais uma vez e danço na areia, mergulho no mar, salto entre as rochas da encosta e, surpreendentemente, não congelo ou sinto nervosismo, ao pular dali no mar...
A água está gelada, o impacto foi muito forte, estou meio tonta, mas, posso dizer com certeza, que foi uma experiência incrível e quero repetí-la algum dia desses...
Saio da água e sigo em direção a rua, que também está vazia. Vou seguindo, pego minha mochila que misteriosamente aparece na areia, mas, nem ao menos, penso nisso.
Tem um carro parado no estacionamento da praia. Pensamentos como Você está nervosa? Você está com medo? Curiosa? surgem em minha mente e, como se alguma força magnética me puxasse, sigo em direção ao carro...Observo atentamente, mas não tem ninguém nem dentro e, muito menos próximo dele, além de mim. Ouço um tilintar vindo de trás e, logo em seguida, um baque próximo ao chão...Meu reflexo foi mais rápido do que o meu instinto, e já estou dentro do carro com a chave na ignição...Para onde eu vou? Isso, realmente, importa?
Escuto um burburinho muito baixo, deve ser interferência do rádio. Duas mãos vão deslizando por trás do assento do banco em direção ao meu pescoço e eu, começo a me debater e caio no chão.
Quando olho ao redor, estou no tapete do meu quarto, na posição fetal usual, encarando o teto. Não quero que isso aconteça, não pode ser verdade, aquilo foi tão esclarecedor, tão...
Não importa, ela está na minha mente. Não vai sair da minha cabeça. Descança, e, quando reflito, ela brilha.